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Foram mesmo os Bárbaros Germânicos os causadores da queda populacional nas cidades após Roma?

 

Na verdade, os bárbaros atuaram como agravadores de um grande êxodo urbano que já ocorria em Roma.

Para responder isso temos que olhar com certa profundidade no grande efeito dominó que a sociedade romana sofreu no início, no auge e no declínio de sua estrutura imperial. Talvez, um bom ponto de início seria a entrada de Otávio como primeiro imperador mas há muitos antecessores. Muito antes dele, Roma, já era uma sociedade militarizada, desde as reformas de Mário que fez com que a plebe pudesse seguir uma carreira militar e ascender aos cargos mais altos sem depender diretamente de uma posição social. Além disso, os generais arcavam com o salário de sua própria tropa, um estreitamento na relação entre general-soldado que via este como seu patrão e fiel empregador. Como o soldado era plebeu, e agora fiel ao seu comandante, sempre o defenderia, até nas decisões políticas.

O desrespeito da Lei Licínia-sextia, que previa que as terras conquistadas deveriam ser divididas entre os Plebeus, foi outro autor nessa grande modificação da sociedade romana. As terras não foram divididas entre a plebe, mas sim entre os generais. Estes enriqueceram muito com o chamado Negócio da Guerra e enriqueceram a ponto de conseguirem pagar suas tropas para novas campanhas e acender ainda mais economicamente no ganho de mais terras. Em meados do primeiro triunvirato, Roma já era dividida entre três generais, tamanho poder que as reformas de Mário deram aos militares. Agora eram Cônsules, Senadores, Pretores, Questores e governadores.

A população se apegou por completo ao simbolismo do exército após a revolta de Espártaco. Foi o ponto onde os militares foram vistos como os fiscalizadores, vigilantes e restauradores da ordem, enquanto os senadores comuns, no início da rebelião, deram de ombros para o que consideraram um pequeno foco hostil. Com o crescer da revolta nos seus anos finais, Roma, estava em um estado de emergência e alguns até consideravam sua queda. Crasso que viria a controlar a revolta, junto com Pompeu, e ambos virariam figuras marcantes do que o exército era para a sociedade.

Avançando mais no tempo, agora, Otávio, um general, assumia um cargo despótico. O senado ainda existiria mas era apenas um figurante nas decisões do imperador. Com um militar no poder houve uma grande modificação na estrutura social romana, se era um general que mandava despoticamente no estado, o exército, seria aquele com maior papel na sociedade. Os chamados Superiores, a alta casta da sociedade, era composta por generais, senadores e até soldados. A plebe começou a imitar os generais na disciplina, nos costumes e até no corte de cabelo. Roma era um trem a todo vapor nas primeiras décadas do império, seu maquinário de guerra era surpreendente e nenhuma nação podia chegar aos seus pés. O colonialismo provia matéria prima em larga escala, de minérios até grãos, um controle da inflação e aumento do comércio com o grande poder de compra do Denário. Não obstante, Roma possuía uma grande quantidade de escravos vindos da guerra constante nas fronteiras orientais e com a germânia.

Nada podia parar Roma, a não ser Roma parar de se expandir. Isso não seria um problema se, lá no início, não tivessem dado tanto poder para os generais. O maquinário de guerras romanas não parou por não conseguir vencer inimigos mas sim porque os generais não viam mais lucro em guerrear. Suas terras eram gigantescas, possuíam mais terras do que podiam produzir e uma quantidade excessiva de escravos. Por mais que o imperador exigisse de um de seus generais que mobilizasse tropas para uma guerra, este não o faria pois bancar as tropas para guerrear e, no caso de conquista, adquirir mais terras que não seria utilizada não valia a pena.

Os generais dificilmente seguiam as ordens do imperador por motivos financeiros e, com o tempo, ficaram mais ociosos. Tal desacato, lentamente, ruía a relação entre os militares e o imperador, uma futura crise na hierarquia militar que, graças a militarização completa da sociedade, resultou uma crise na hierarquia social. Em meados do século IV, o exército era uma entidade quase que anárquica com generais possuindo tropas próprias e fieis somente a eles, por conseguinte, estes não eram fieis ao imperador. Roma não se expandia, ficava na defensiva, protegendo suas fronteiras de ataques bárbaros. Generais romanos perceberam que tal ato de proteger a fronteira não os beneficiaria, muito pelo contrário, era uma desvantagem econômica mantê-los lá onde eram suscetíveis a ataques constantes. Os militares recuam suas tropas para dentro de Roma e utilizam o exército como uma proteção individual ao invés de uma entidade de proteção nacional. Serviam agora como protetores da terra de seus generais, protegiam as terras mais internas que eram de propriedade do general. Deixando assim, a fronteira romana, aberta aos invasores.

A brilhante ideia dos generais foi muito além, perceberam que o Imperador não possuía poder militar algum. A disciplina fora rompida e constantemente era visto que Imperadores eram depostos por generais que clamavam o trono. Não só isso mas estes também aumentariam a fidelidade de suas tropas por dividir suas terras entre os soldados em troca de parte da produção e uso da terra também a ocupariam e protegeriam.

A verdadeira crise romana começa agora. As fronteiras abertas levaram a invasões de povos bárbaros. Inicialmente houve uma insipiente tentativa de proteger elas contratando bárbaros e formando alianças com estes cedendo terras na borda do império. Uma vez que Átila invade Roma, empurra estes povos para o seu interior como um aríete que abre um buraco num fragilizado muro. Por inúmeros motivos que não vale a pena citar aqui para não desviar o foco do assunto, bárbaros aliados se tornaram inimigos de Roma e seus principais algozes.

Roma perdia terras. Se perdia terras, perdia principais acessos à recursos de matéria-prima, se perdia estes recursos perderia o controle da inflação e sua moeda perderia o poder de compra. O comércio entraria em declínio e o escambo se tornaria troca principal. Isso tudo convergiria no Édito Máximo de Diocleciano que via uma das principais causas daquele efeito dominó. Não havia ouro para cunhar o denário, a inflação era alta e seu recurso para sair daquela situação foi tabelar os produtos. Sem sucesso.

A crise de escravos só afetou Roma anos depois que a economia deu sinais de queda. A reserva de escravos fora esvaziada uma vez que Bárbaros romanos podiam adquirir civilidade depois de um certo tempo de trabalho. A crise foi sanada com uma prática que remonta a situação da Roma no início da república e na Monarquia. O colonato era uma prática onde os generais romanos, grandes proprietários, disponibilizava partes de sua terra para sem terras ou endividados para que trabalhassem, pegassem parte da produção e pagassem com o uso da terra e de certas obrigações, como impostos. Roma tinha sanado por longos séculos o problema do desemprego da Plebe com o pão e circo que custeava muito para os cofres imperiais e, agora, em declínio. A boa parte da população insatisfeita e empobrecida sentia que aquela medida populista e paternalista os abandonara. A saída foi ingressar no colonato, migrar das cidades para as terras de um general romano e trabalhar como um servo para eles.

Ainda que muitas características dos povos bárbaros tenham modificado a futura sociedade medieval, como a vida campestre, tribalismo e fragmentação do poder, a Roma em crise já pendia para uma sociedade rural, fragmentada e amonetária.

Características similares na idade média onde o rei não possuía tanto poder e controle do exército, maioria das trocas eram sem o uso do dinheiro, sociedade ruralizada, servidão e divisão de terras entre a nobreza.

Na imagem - Odoacro faz Rômulo Augusto abdicar o trono de Roma. Ironicamente o nome do primeiro rei romano é o mesmo nome do seu ultimo imperador.

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