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A divisão da Europa

 

Após a morte de Gregório XI, temendo que um novo papa fosse eleito e governasse em Avignon, a população de Roma se revoltou e pressionou os cardeais para que um papa romano fosse eleito para que este refizesse Roma como capital dos estados-papais. Não sendo possível escolher um papa romano, os arcebispos escolherem um napolitano chamado Bartolomeu Prignano que defendia a ideia de Roma como capital. Eleito como Urbano VI, ele se mostrou um excelente papa de início, mas depois se mostrou igualmente autoritário com ideais reformistas. Muitos cardeais que haviam colocado ele no poder começaram a se questionar se foi realmente uma boa ideia, no fim fugiram de Roma para Avignon buscando escapar do autoritarismo que o mesmo empregava nas terras papais italianas. Em 20 de setembro de 1378 elegeram um antipapa, um rival que reclamaria a posição como líder da igreja católica em Avignon, este seria Clemente VII que reestabeleceria a corte papal na França. A eleição chocou muitos mesmo que antipapas já fossem eleitos há muito tempo, o que mais assustava era fato de o mesmo grupo ter elegido ambos papa e antipapa sendo que o que era mais comum era grupos rivais fazerem isso. Dessa forma ambos carregavam o mesmo grau de legitimidade.

Recusando-se a voltar atrás, tanto papa quanto antipapa permaneceram firmes em seus postos acusando um ao outro de ilegitimidade. Um mero problema diplomático dentro da igreja católica rapidamente escalaria para um problema político que dividiria toda a Europa Ocidental. Isso fez com que cada reino na baixa idade média aceitasse um determinado papa como legítimo seguindo aquele que lhe convinha politicamente. A França apoiou o Antipapa em Avignon, Clemente VII, e isso atraiu seus aliados para o mesmo ato, Reino de Castela e Leão e Reino da Escócia, este último aliado ao Reino Francês na aliança franco-escocesa do século 13. Outros reinos que apoiariam o papado em Avignon era o Reino de Nápoles, Aragão e Chipre. Por outro lado, a quantidade de Reinos que suportavam o papado romano era bem maior constituindo principalmente das cidades estados no norte da Itália que queriam que a Igreja Católica tivesse como capital histórica romana por questões culturais. Acompanhado destes estavam os Reinos da Inglaterra, Hungria, Suécia, Polônia e Noruega além do grandioso Sacro Império Romano Germânico.

O mais curioso e que exemplifica o jogo político por trás das escolhas dos reis sobre qual papa ser submisso é o fato de muitos reinos apresentarem posições diferentes. O Reino de Portugal, durante suas Guerras Fernandinas e o Interregno português que daria origem ao conflito e a subida de João de Avis ao trono, possuiu posições diferentes entre clamantes diferentes ao trono. A posição de Fernando I em seus conflitos pelo trono espanhol era contrário ao da coroa espanhola, apoiando o papado em Roma. João de Avis apoiava o papado romano enquanto João Duque de Valencia, seu rival durante a crise, apoiava o papado de Avignon já que era um de Borgonha, mesma casa que parte da nobreza espanhola e francesa. O Sacro Imperador defendia o papado em Roma, mas alguns de seus vassalos não seguiam a mesma posição principalmente o Condado de Savóia que via as cidades estados desprotegidas da influencia papal romana caso o papado permanecesse em Avignon. Flandres se posicionava, obviamente, contra a França apoiando o papado em Roma por conta de sua grande relação com o Reino da Inglaterra no comércio de lã e desavenças com a coroa francesa. Owen Glendower, galês, ao unir seu povo e se revoltar contra os ingleses aproveitando o contexto da guerra dos 100 anos, formou o temporário principado de galês que defendeu o papado em Avignon em oposição à coroa inglesa. Um líder religioso ameaçava excomungar aquele que seguisse o outro e isso era mais o que suficiente para permitir um rei a declarar guerra contra outro.

A Europa estava dividida.

Na imagem: Posição dos vários Reinos da Europa quanto ao papado de Avinhão e Roma.

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