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A Mão Pesada do Estado

 

Dia após dia, o cidadão brasileiro, cansado de tanto sofrer com a mão pesada do Estado, observa com olhos tristes e lacrimosos que o estamento burocrático só aumenta no país. Um crescimento descontrolado e avassalador, o qual ninguém mais consegue parar, seja algum representante da classe política, intelectual, empresarial, etc.

O estamento burocrático está matando a vida de seu pobre povo, que, já cambaleante e ajoelhado perante seu algoz, implora por liberdade. No livro “Os Donos do Poder”, do jurista e sociólogo Raymundo Faoro, podemos observar claramente que o surgimento lento e gradual desse monstro estatal foi ganhando força e tamanho ao longo dos séculos. Ademais com o início do sistema republicano, o processo ganhou uma velocidade descomunal.

Desde 1889, o Estado é comandado por pequenos grupos que visam a seus interesses particulares e, na maioria das vezes, buscam: a) o comando militar total; b) o lento e gradual controle da população brasileira; c) o controle da economia do país, a ponto de que todo o empresariado acabe fazendo parte do esquema imposto pelo Estamento; d) o controle político, e principalmente dos partidos, para desse modo blindar o pequeno grupo que controla o Estado; e e) o controle da cultura,  que é restringida em termos de conteúdo, apenas àquilo que o grupo que domina o Estado aprecia, e que envolve a deterioração da alta cultura em favor da promoção da baixa cultura (funk, etc.),  chegando até aos absurdos da doutrinação ideológica.

Sobre o último aspecto, o processo de destruição da cultura e da alta cultura deu-se de forma muito sucinta – um dos grandes objetivos do estamento burocrático é destruir a cultura para, dessa forma, “matar a alma do povo”.

De 1889 até o presente momento, muitas ideias maléficas tomaram de assalto nosso país, vide o positivismo, que deu asas aos militares a fim de derrubar a Monarquia e acabar com ela (que vinha construindo um país sério e à frente de seu tempo).

Décadas depois, surge o sistema dos coronéis, o qual instaurou no interior do Brasil o controle total da zona rural por um seleto grupo oligárquico, além de aniquilar as liberdades do povo, dentre as quais, a de votar no candidato que ele (povo) quisesse.

Mais tarde o suprassumo do caudilhismo toma o país. Getúlio Vargas, com seu populismo, carisma, arrogância e brutalidade, subjugou o Brasil por 15 longos anos de ditadura, deixando na história brasileira a herança maldita do “Getulismo”, que, infelizmente, ainda pode ser observado em nosso país. Um exemplo notório é a família Sarney,  mistura promíscua de populismo e coronelismo que comanda o Estado do Maranhão há 48 anos.

Em suma, meus caros leitores, termino este texto com a frase profética de Raymundo Faoro: “O governo, para o povo, não é o protetor, o defensor, a guarda vigilante de sua vontade e de seus interesses: mas o explorador, o algoz, o perseguidor. Um comando político ativo e violento submete uma sociedade passiva e atemorizada, vendo no poder a insondável máquina de opressão, incapaz de provocar a confiança”.



Bibliografia:

1. FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder.
2. GOMES, Laurentino. 1889 – Como um Imperador Cansado, um Marechal Vaidoso e um Professor Injustiçado Contribuíram para o Fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil.
3. LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto.
4. NETO, Lira. Getúlio: 1930-1945 – Do Governo Provisório à Ditadura Do Estado Novo.
5. ECHEVERRIA, Regina. Sarney: a Biografia.

Por: Salomão Campina

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