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Era o Bloqueio Continental realmente eficiente?

 

Nas escolas, muitas vezes, principalmente em história, pequenos assuntos são ensinados de forma batida e sem grandes detalhes que poderiam enriquecer ainda mais o conhecimento dos alunos. De fato, um desses assuntos, é o bloqueio continental e todo período napoleônico que é tratado de forma rápida – seja para poupar tempo no ano letivo ou seja por não ser o enfoque principal do momento vivido. O bloqueio continental como boa parte do período napoleônico levanta dúvidas, era realmente eficiente essa política de embargo aos produtos comerciais ingleses? Ou será que a fuga da família real portuguesa realmente demonstra a agressividade de tal política assim como seu efetivo?

Para responder essas perguntas precisamos entender o cenário político que a Europa se encontrava na época. Napoleão enfrentava uma série de seguidas guerras que vinham desde o período republicano da França, esses seguidos conflitos podiam ser entendidos como uma série de momentos de guerra encerrados por tratados de trégua que transpareciam ser tratados de paz. Napoleão estava exausto daquela onda de conflitos, não pelo cansaço da guerra e do serviço militar, mas sim por afetar tanto a estabilidade de seu governo como a economia de sua nação. Para a paz teria de fazer um esforço ainda maior do que derrotar a Áustria como derrotou, ou a Prússia e a Rússia, ele teria de alguma forma remover o Reino Unido daquelas sucessivas guerras. Todos seus tratados de “paz” foram com potenciais continentais e um termo bastante em comum era que Napoleão fosse reconhecido como Imperador da França. Tal termo nunca foi imposto aos ingleses, Napoleão firmava tréguas com os seus inimigos continentais, mas não o conseguia com seu principal inimigo insular.

A resposta para seus problemas era afetar a economia inglesa, como de fato fez com a política do Bloqueio Continental, mas ele mal sabia que estava dando um tiro tanto nos ingleses como também nos franceses, alemães, portugueses, espanhóis, austríacos, dinamarqueses e russos. O Bloqueio Continental era como abrir um buraco em um bote com todos esses países dentro, todos afundariam, mas uns se afogariam primeiro que os outros. Em suma, a política foi efetiva sim e levou os ingleses a um certo desespero e queda na economia, mas também dificultou a vida dos próprios franceses como do próprio Napoleão. Seu império englobava diversas nações e as mais agrárias e mais dependentes do comércio com a Inglaterra eram as da confederação do Reno. Esses estados Alemães viveram dias negros sob o bloqueio continental e se tornaram focos de insurgência contra o domínio francês obrigando Napoleão, por exemplo, ter que ignorar a guerra peninsular na ibéria para resolver insurgências durante a guerra da quinta coalizão. Outro problema que sua teimosia em manter tal política foi dificultar sua aproximação com a Rússia após o tratado de Tilsit onde ambos chefes de estado francês e russo firmaram uma aliança. Alexandre, Tsar russo, sofreu grande oposição de sua corte pelo ato principalmente após aderir ao bloqueio continental fazendo boa parte dos produtos – principalmente os de luxo como Champanhe – triplicarem de preço. Outros produtos como café e tabaco também foram afetados, assim como o chá, e se não entravam importados dificilmente a Rússia conseguia escoar sua produção agrária desvalorizando sua moeda.

O pequeno sinal de que o bloqueio continental estava sim afetando a economia inglesa era que, no início, ela se mantinha através da própria ineficácia da França fiscalizar sua efetivação nos portos. Até mesmo a França era dependente do comércio com o Reino Unido mas possuía uma economia bem mais forte que a Russa e dos estados Alemãs. Ainda assim, era comum ver a burguesia local de regiões portuárias subornando fiscais para que fizessem vista grossa e permitissem que barcos com produtos ingleses aportassem. Quando Napoleão reforçou a fiscalização os ingleses partiram para uma nova tática impedindo que nações neutras comercializassem com a França o que entrou em conflito com a principal nação mercante fora da Europa, Estados Unidos da América. Com outros problemas esse atrito de relações e intenções culminou em uma guerra em 1812 entre ingleses e americanos.

Em resposta para a nossa pergunta no início do texto, de fato o Bloqueio continental foi efetivo, mas sua efetividade foi eclipsada pelos problemas que a mesma deu para Napoleão, algo que realmente não é ensinado nas escolas. Tratamos como se fosse uma política obedecida e de eficácia de 100%, mas ignoramos que podia ser facilmente ignorada pela nação que desejasse. Mesmo Napoleão ameaçando de invasão como fez com o caso português ele só podia conter aquelas nações que abertamente ficavam contra a política, mas não tinha poder algum para impedir os comerciantes locais. A política também dificultou com que firmasse alianças, umas tão importantes como a com a Rússia que era para ser seu bastião protetor no Leste enquanto tinha que resolver problemas de guerrilha no Oeste (na península Ibérica).

Na imagem, Napoleão em Berlim, local onde firmaria o decreto de Berlim dando início ao Bloqueio Continental.

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